A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em segunda
instância pelo tribunal do TRF-4 do Rio Grande do Sul, teve grande impacto na
bolsa de valores (B3) e em uma série de outros ativos, que repercutiram em todo
o mercado. Na verdade, as ações sobre Lula têm rendido variações nos mercados
desde que o petista tem sido acusado pela Lava-Jato em diversas ações
envolvendo corrupção, lavagem de dinheiro e a obstrução de justiça.
Entenda o contexto:
As ações envolvendo Lula, historicamente, têm um significativo impacto sobre o
mercado. Seguindo um padrão, toda vez que o ex-presidente aparece como líder em
pesquisas de opinião, a bolsa tende a cair. Quando é acusado, a bolsa tende a subir.
Mas o que, exatamente, os investidores têm contra o ex-presidente Lula e outros
políticos?
Além de predisposições contrárias, no que diz respeito à figura pessoal e
política de Lula, os agentes do mercado não concordam com o viés de governo que
o petista empregaria, caso ele fosse reeleito. É um político tradicionalmente
de esquerda, estadista e regulador, tudo o que o mercado não gosta e que nada
agrada os investidores.
Com sua posse, seria provável que as medidas econômicas entrassem em atrito com
a liberdade do mercado, com obstáculos relacionados à taxa de juros,
regulamentações de importação e exportação, aumento de impostos, entre outras ações
que prejudicam o rendimento do mercado financeiro e também do agronegócio.
Nos dois mandatos em que foi presidente, Lula utilizou políticas econômicas em
seu governo considerada questionáveis por muitos. Ampliando os conceitos de
“campeões nacionais”, investindo bilhões de reais em empresas próximas da
cúpula governamental.
O mercado é prudente quando o assunto é Lula, e os investidores não querem
perder tempo. É por isso que todas as notícias relevantes envolvendo o
ex-presidente e outros políticos de relevância têm impactos diretos sobre o
agronegócio.
Os mercados que mais sentem com a condenação de Lula estão relacionados à renda
variável, como a venda de ações, fundos de investimentos e títulos privados. O
índice Bovespa (IBOV) e o dólar atingiram recordes de liquidez quando Lula foi
condenado em segunda instância pelos desembargadores gaúchos.
Vislumbrando maiores oportunidades de negócio, agricultores e investidores de
mercado futuro e commodities também resolveram apostar suas fichas com um
cenário mais livre de regulamentação em uma eventual prisão de Lula ou seu
impedimento de participar das eleições de 2018.
O milho, por exemplo, mesmo com redução da safra, teve grande valorização. Um
cenário semelhante acontece com o algodão, os fosfatos e a laranja. A soja
apresentou valorização, demonstrando que os investidores parecem mais dispostos
a aplicar recursos na lavoura com Lula condenado.
De forma geral, o mercado parece comemorar com as condenações. Acesse outros de
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